domingo, 7 de agosto de 2011

Agricultura geral- 3º anos 3º bi

fonte: Geografia Geral e do Brasil, Sene e Moreira

As novas relações campo x cidade:

A produção agrícola é obtida em condições muito heterogêneas no mundo. Das diversas formas de relação entre o homem e o meio geográfico, a vida rural, e mesmo a vida da população urbana que trabalha em atividades agrícolas, é a mais diversificada. Os países desenvolvidos e industrializados intensificaram a produção agrícola por meio da modernização das técnicas empregadas, utilizando cada vez menos mão de obra. Nos países subdesenvolvidos, foram principalmente as regiões agrícolas que abastecem o mercado externo que passaram por semelhante processo de modernização das técnicas de cultivo e colheita. Em contrapartida, houve o êxodo rural acelerado, que promoveu o drástico empobrecimento dos trabalhadores agrícolas, concentrados na periferia das grandes cidades. Por outro lado, todas as regiões em que se utilizam métodos tradicionais de produção - principalmente dos países pobres do Sudeste asiático e a maioria dos países africanos - buscam ainda meios de associar um modo de vida rural extremamente rudimentar às incertezas biogeográficas e climáticas, na tentativa de evitar o flagelo da fome e as adversidades da emigração.

O planeta apresenta países e regiões onde os progressos técnicos nos sistemas de transporte e comunicações estão plenamente materializados em redes ou sistemas de transportes de pessoas, mercadorias e informações que lhes permitem partir para uma política agrícola e industrial de especialização produtiva. Regiões ricas e modernizadas garantindo maiores taxas de lucro. Buscam em outras regiões o que não produzem internamente. Essa realidade intensificou o comercio mundial. Por outro lado, as regiões pobres e tecnicamente atrasadas se vêem obrigadas a consumir basicamente o que produzem e são muito mais sensíveis aos rigores impostos pelas condições naturais, nem sempre favoráveis à produção agrícola. A conseqüência imediata dessa situação é a fome.

Nos países em que predomina o trabalho agrícola, utilizando mão de obra urbana e rural, o papel do estado na regulamentação das relações de trabalho, do acesso a propriedade da terra e da política de produção, financiamento e subsídios agrícolas assume importância fundamental no combate a fome.

As políticas modernas de reforma agraria visam a integração dos trabalhadores agrícolas e dos pequenos e médios proprietários nas modernas técnicas de produção, e não apenas distribuir terras aos camponeses e abandona-los a concorrência com produtores rurais altamente capitalizados, sejam eles do próprio país ou do exterior. A reforma agraria não é mais sinônimo de expropriação ou estatização das propriedades rurais para distribui-las aos camponeses. Mais que isso, principalmente em países subdesenvolvidos, trata-se de reformar a estrutura fundiária e as relações de trabalho, buscando o estabelecimento de propriedades na produção. Em primeiro plano, visa ao abastecimento do mercado interno de consumo. As outras metas são o abastecimento de matérias primas às indústrias, o aumento do ingresso de capital, através das exportações, e a criação de uma legislação que impeça a especulação sobre a propriedade da terra.

Atualmente, observa-se a tendência a penetração do capital agro-industrial no campo, tanto nos setores voltados ao mercado externo quanto ao mercado interno. Assim, a produção agrícola tradicional tende a se especializar, não para concorrer com o mais forte, mas para produzir a matéria prima utilizada pela agroindústria. Dependendo da ação do estado como agente regulador, essa penetração pode levar a democratização econômica ou à deterioração das condições de vida da população local, seja ela rural ou urbana.

Foi-se o tempo em que a economia rural comandava as atividades urbanas. Atualmente, o que se verifica, em escala planetária, é a subordinação do campo à cidade, uma dependência cada vez maior das atividades agrícolas às máquinas, insumos, agrotóxicos, tecnologia, fatores concebidos e produzidos nas cidades industriais.

Vamos agora estudar os diversos sistemas que compõem o mosaico internacional de produção agrícola.

Os sistemas agrícolas

Os sistemas agrícolas e a produção pecuária podem ser classificados como intensivos ou extensivos. Essa noção esta ligada ao grau de capitalização e ao índice de produtividade, independentemente da área cultivada ou de criação. As propriedades que, através da utilização de modernas técnicas de preparo do solo, cultivo e colheita, apresentam elevados índices de produtividade e conseguem explorar a terra por um longo período de tempo, praticam agricultura intensiva. Já as propriedades que se utilizam da agricultura tradicional - aplicação de técnicas rudimentares, apresentam baixo índice de exploração da terra e obtendo, assim, baixos índices de produtividade - praticam agricultura extensiva.

Na pecuária, por exemplo, o rendimento é avaliado pelo número de cabeças por hectare. Quanto maior a densidade de cabeças, independentemente de o gado estar solto ou confinado, maior é a necessidade de ração, de pastos cultivados e de assistência veterinária. Com tudo isso, a um aumento da produtividade e do rendimento, que são características da pecuária intensiva. Quando o gado se alimenta apenas em pastos naturais, a pecuária é considerada extensiva, e geralmente apresenta baixa produtividade.

Agricultura itinerante de subsistência e a roça.

São sistemas agrícolas largamente aplicados em regiões onde a agricultura é descapitalizada. A produção é obtida em pequenas e médias propriedades ou parcelas de grandes latifúndios, com utilização de mão de obra familiar e técnicas tradicionais e rudimentares. Por falta de assistência técnica e de recursos, não há preocupação com a conservação do solo, as sementes utilizadas são de qualidade inferior, não se investe em fertilizantes e, portanto, a rentabilidade, a produção e a produtividade são baixas. Após alguns anos de cultivo, há uma diminuição da fertilidade natural do solo, geralmente exposto à erosão. Ao perceber que o rendimento da terra esta diminuindo, a família desmata uma área próxima e pratica a queimada para acelerar o plantio, dando inicio a degradação acelerada de uma nova área, que também será brevemente abandonada. Daí o nome de agricultura itinerante.

Em regiões miseráveis do planeta, a agricultura de subsistência - itinerante e roça - está voltada as necessidades imediatas de consumo alimentar dos próprios agricultores. A produção destina-se a subsistência da família do agricultor, que se alimenta praticamente daquilo que planta. Tal realidade ainda existe em boa parte dos países africanos, em regiões do sul e sudeste asiático e na América Latina, mas o que prevalece hoje é uma agricultura de subsistência voltada ao comércio urbano.

O agricultor e sua família cultivam algum produto que será vendido na cidade mais próxima, mas o dinheiro que recebem é suficiente apenas para garantir a subsistência deles. Não há excedente de capital que lhes permita buscar uma melhoria nas técnicas de cultivo e aumento de produtividade.

Esse tipo de agricultura é comum em áreas distantes dos grandes centros urbanos onde a terra é mais barata, em função das grandes dificuldades de comercialização da produção. Nesse sistema, predominam as pequenas propriedades, cultivadas em parceria. A também os posseiros, agricultores que simplesmente ocupam terras devolutas.

Agricultura de jardinagem

Essa expressão se originou no sul e sudeste da Ásia, onde há uma enorme produção de arroz em planícies inundáveis, com utilização intensiva de mão de obra.

Tal como a agricultura de subsistência, esse sistema é praticado em pequenas e médias propriedades cultivadas pelo dono da terra e sua família ou em parcelas de grandes propriedades. A diferença é que nelas se obtêm alta produtividade, através do selecionamento de sementes, da utilização de fertilizantes, da aplicação de avanços biotecnológicos e de técnicas de preservação do solo que permitem a fixação da família na propriedade por tempo indeterminado. Não há a necessidade de ela se deslocar para outra área. Em países como as Filipinas, Tailândia, Indonésia, etc., devido a elevada densidade demográfica, as famílias contam com áreas muitas vezes inferiores a 1 hectare e as condições de vida são bastante precárias. Em países que realizam reforma agrária - Japão e Taiwan - e ao redor dos grandes centros urbanos de áreas tropicais, após a comercialização da produção e a realização de investimentos para a nova safra, a um excedente de capital que permite melhorar, a cada ano, as condições de trabalho e a qualidade de vida da família. Na China, desde que foram extintas as comunas populares, após a morte de Mao-tsé-tung, em 1976, houve significativo aumento da produtividade. A produção é predominantemente obtida em propriedades muito pequenas e em condições de trabalho muito precárias. Devido ao excedente populacional, a modernização da produção agrícola foi substituída pela utilização de enormes contingentes de mão de obra. No entanto, em algumas províncias litorâneas, esta havendo um processo de modernização, impulsionado pela expansão de propriedades particulares e da capitalização proporcionada pela abertura econômica a partir de 1978. Sua produção é essencialmente voltada para abastecer o mercado interno.

As empresas agrícolas

São as responsáveis pelo desenvolvimento do sistema agrícola dos países desenvolvidos, com destaque para os EUA e a União Européia. Nesse sistema, a produção é obtida em médias e grandes propriedades altamente capitalizadas, onde se atingiu o máximo de desenvolvimento tecnológico. A produtividade é muito alta em decorrência do selecionamento de sementes, uso intensivo de fertilizantes, elevado grau de mecanização no preparo do solo, no plantio e na colheita, utilização de silos de armazenagem, sistemático acompanhamento de todas as etapas da produção e comercialização por técnicos, engenheiros e administradores. Funciona como uma empresa e sua produção é voltada ao abastecimento tanto do mercado interno quanto do externo. Nas regiões onde se implantou esse sistema agrícola, verifica-se uma tendência a concentração de terras, na medida em que os produtores que não conseguem acompanhar a elevação dos níveis de produtividade perdem condições de concorrer no mercado e acabam por vender suas propriedades. É o sistema agrícola predominante nos EUA, Canadá, Austrália, União Européia (com exceção da região mediterrânea) e porções da Argentina e do Brasil (regiões onde se cultivam soja e laranja, por exemplo).

Nos EUA, as grandes propriedades se organizaram em cinturões, em função das características do clima e do solo. O alto nível de capitalização exigiu uma especialização produtiva em grandes propriedades.

A Plantation

É a grande propriedade monocultora, com produção de gêneros tropicais, voltada para exportação. Forma de exploração típica dos países subdesenvolvidos, a Plantation foi um sistema agrícola amplamente utilizado durante a colonização européia na América. Nesse período de expansão do capitalismo mercantilista, utilizava-se em larga escala, a mão de obra escrava. Expandiu-se posteriormente para África e Sul e Sudeste asiático.

Na atualidade, esse sistema persiste em várias regiões do mundo subdesenvolvido, utilizando, além de mão de obra assalariada, trabalho semi-escravo ou escravo, que não envolve pagamento de salário. Trabalha-se em troca de moradia e alimentação. No Brasil, encontramos Plantation em vastas porções do território, com destaque para as áreas onde se cultivam café e cana de açúcar, dois dos nossos principais produtos agrícolas de exportação.

Ao lado das Plantations sempre se instalam pequenas e médias propriedades policultoras, cuja produção alimentar abastece os centros urbanos próximos.

Cinturão verde e bacia leiteira

Ao redor dos grandes centros urbanos, onde a terra é valorizada, pratica-se agricultura e pecuária intensivas para atender às necessidades de consumo da população local. Nessas áreas, produzem-se hortifrutigranjeiros e cria-se gado para a produção de leite e laticínios em pequenas e médias propriedades, com predomínio da utilização de mão de obra familiar. Após a comercialização da produção, o excedente obtido é aplicado na modernização das técnicas.

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