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- Tropófilas: são adaptadas a uma rotação seca, e outra úmida.
- Higróficas: plantas adaptáveis a muita umidade.
- Aciculifoliadas: tem folhas em forma de agulhas, como os pinheiros.
- Latifoliadas: são de regiões úmidas, com folhas largas. Permitindo intensa transpiração.
- Caducifólias: elas perdem as folhas em épocas frias ou secas do ano.
Tipos de vegetação
Floresta Temperada
Ela é típica na zona climática temperada. Surge em latitudes mais baixas. São abertas, com pequena variedade de vegetais. As flores temperadas aparecem na América do Norte e Europa, como a floresta negra (Alemanha).
Floresta de Coníferas
É típica da zona temperada, ocorrendo em altas latitudes.
Abrange o norte da Eurásia. Nas regiões frias, Rússia e Sibéria, desenvolve-se a Taiga,vegetação de coníferas anãs, predominando o pinheiro. Nestas regiões são bem úteis como fonte de matéria-prima.
Floresta Tropical
É típica de climas úmidos e quentes. Surge em baixas latitudes na América, África e na Ásia. As florestas tropicais são ricas em espécies de vegetais. São fechadas e heterogênea, com uma formação vegetal higrófila e latifoliada. Nelas aparecem arvores de grande e médio porte.
Vegetação desértica
São adaptadas a falta de água, que é a situação em climas árido e semi-árido. Por isso, as espécies são xerófilas.
Aparecem em todos os continentes, com exceção da Europa.
Tundra
Vegetação rasteira, formada de liquens e musgos que aparecem na zona próxima as circulo polar Ártico. Crescem nos alagados na primavera e verão. E durante o inverno fica encoberta pelo gelo.
Vegetação Mediterrânea
Se desenvolve em regiões de clima mediterrâneo. É uma vegetação esparsa com características xerófilas e as formações dominantes são os maquis e garigues.
Pradaria
É composta basicamente de capim. Aparece em regiões de clima temperado continental. Embora muito usada como pastagem, é importante pelo solo rico em matéria orgânica. Surge na Europa na Europa Central e na Rússia, nos Pampas argentinos, e nas Grandes Planícies Americanas e na Grande Bacia Australiana.
Estepe
Vegetação herbácea, constituída por tufos ou colônias de plantas afastadas umas das outras, deixando o solo parcialmente descoberto. Surge em climas semi-áridos.
Cobre regiões na Ásia Central, oeste dos Estados Unidos e Argentina.
Savana
A vegetação é variada, com arbustos, plantas herbáceas e gramíneas.
Ocorre em regiões de clima tropical, onde existe estações bem definidas: o verão úmido e o frio seco. Aparece no Brasil, África Centro Oriental.
Nas savanas vive um grande número de herbívoros e amimais de grande porte, principalmente na África.
Em meio a outros tipos de vegetações, podemos encontrar pequenas formações florestais, como:
- mata galeria: é um tipo de mata que fica as margens do rios que cortam o cerrado e a caatinga. Isto ocorre porque às margens do rio, o solo é fértil criando condições propicias para o desenvolvimento da mata.
- capão: surge nas depressões das áreas secas, aonde o nível hidrostático chega próximo a superfície, criando boas condições para se desenvolver a mata, visto que o solo é úmido.
Vegetação no Brasil
O Brasil apresenta várias formações vegetais, devido as diversidades no clima. Temos um território extenso, por isso algumas regiões são ou próximas aos trópicos, ou a linha do Equador. E isso influi no clima, e portanto na vegetação.
No Brasil existe desde grandes florestas tropicais, até formações xerófilas, como a caatinga.
A seguir mostraremos as principais formações florestais no território nacional.
Floresta Amazônica
Possui a maior diversidade em espécies de vegetais e animais do planeta. Formada por plantas latifoliadas equatoriais, a floresta é densa.
O solo está constantemente coberto por camadas de folhas, galhos caídos, frutos apodrecidos, tudo úmido e em decomposição.
A floresta apresenta três estratos:
- Várzea: com vegetação de médio porte, uma área que está sobre inundações periodicamente.
- Caaigapó: áreas com vegetações de pequeno porte, como a vitória régia, pois fica permanentemente alagada ao longo dos rios.
- Caaetê: área que não inunda, possuindo vegetações de grande porte, como a castanheira. É a mais afetada pelo desmatamento e as queimadas.
Floresta latifoliada tropical
Foi grandemente destruída ao longo da história do Brasil. Se estende do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Sofre ação intensa das massas de ar úmido que vem do oceano Atlântico.
Mata de araucárias ou pinhais
Nessa forma de vegetação predomina a araucária angustifólia, espécie que é adaptável ao clima subtropical ou temperado. Se encontra em várias áreas, região Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais.
No interior desse tipo de floresta pode se encontrar erva-mate, canela, cedros entre outros.
Mata dos cocais
Esta formação vegetal se situa entre a floresta amazônica, caatinga e o cerrado. É constituída por palmeiras, destaque ao babaçu, e carnaúba.
Caatinga
O nome caatinga vem do tupi-guarani e significa ‘mata branca’, que é cor predominante na época da seca. A vegetação é xerófila, na qual predomina arbusto caducifoliado e espinhoso.
Cerrado
Sua formação florestal é constituída por uma vegetação caducifólia. Tem uma formação adaptada ao clima tropical, com raízes profundas, casca grossa e galhos retorcidos.
Complexo do pantanal
O pantanal ele agrupa várias formações vegetais em seu interior, dentre elas está a floresta tropical, cerrado e lugares inundáveis.
Por isso o nome de complexo do pantanal, pois é uma floresta de transição, várias formações florestais juntas.
Campos naturais
Tem uma formação rasteira ou herbácea, constituída por gramíneas.
Pode se achar esse tipo de vegetação no extremo sul do país, em poucos pontos do Mato Grosso do Sul e na Amazônia.
Alguns associam a sua origem a solos rasos, temperaturas baixas, áreas sujeitas a inundações ou solos arenosos.
Vegetação Litorânea
No litoral surge vegetação rasteira, que é responsável pela fixação da área, impedindo que seja transportada pelo vento. Os mangues também são comuns, responsáveis pela reprodução de espécies de peixes, moluscos e crustáceos. São áreas inundadas pela água do mar, quando este está em maré alta; e na maré baixa as raízes ficam expostas.
O segundo passo para uma resposta a este questionamento é o da compreensão da relação entre a formação de preço dos alimentos ao consumidor e a produção de biocombustíveis, do ponto de vista da realidade brasileira e mundial.
1. Os biocombustíveis têm alguma coisa a ver com os alimentos que compramos?
Enquanto no Brasil o álcool é feito a partir de apenas dois terços da área de cana-de-açúcar plantada, nos EUA o bioetanol é feito basicamente de milho, apesar do balanço energético muito menor desta cultura na produção de biocombustíveis em relação à cana (1:1,4 do milho; 1:8,5 da cana).
No caso do biodiesel, apesar de estarmos produzindo basicamente a partir da soja, temos feito investimentos em pesquisas de culturas que em nada, ou em muito pouco, se relacionam com a alimentação humana como a mamona, macaúba, palma (dendê), algodão (caroço), Pinhão manso dentre outras.
2. Aumento da demanda
Pela esta mesma lei do capitalismo, os preços podem subir tanto para um mercado quanto para o outro. Se houver mais demanda de um lado, haverá uma elevação no preço do outro, até o equilíbrio do mercado.
3. Diminuição na produção de alimentos
Esta euforia inicial dos agricultores brasileiros de substituição de culturas tradicionais pelas utilizadas na produção de biodiesel e etanol, é muito natural. O resultado imediato é a elevação dos preços dos alimentos, mas, a longo prazo, a tendência natural do mercado é o equilíbrio destes preços em patamares bem mais realísticos que os deste inicio.
4. Aumento indireto de preços dos alimentos
A tendência da tecnologia de produção de bicombustíveis é o de utilização dos subprodutos resultantes do processo para a alimentação animal, fertilizantes químicos e geração de energia. Ou seja, mesmo indiretamente aumentando o preço destes alimentos, ainda indiretamente, ele também tende a diminuir o seu preço inclusive pela implementação de alguns novos subprodutos.
5. Exclusão social
No Brasil esta realidade esta sendo combatida pela implementação de uma política de incentivo ao pequeno agricultor que poderia resolver parte do problema.
6. Aumento do efeito estufa
No Brasil, o uso de derivados de combustíveis fosseis vem sendo substituído por etanol, muitas vezes mais limpo, segundo o mesmo estudo, a produção brasileira do etanol de cana foi considerada menos poluente do que o petróleo, gerando de
7. Desmatamento de florestas
O crescimento no percentual de desmatamento da Amazônia, que há cinco anos seguia tendência de diminuição, nada tem a ver com o aumento da área plantada de cana-de-açúcar. A área de cana-de-açucar brasileira tem crescido principalmente sobre terras degradadas, antes ocupadas pela bovinicultura.
Devemos ressaltar, ainda que as áreas ocupadas com gado, hoje, no Brasil perfazem um total de próximo de 220 milhões de hectares com um rebanho de aproximadamente 200 milhões de cabeças, dando uma ocupação (densidade) de 0,9 cabeças/ha de media nacional, o que é muito baixa. Porém,
8. Insuficiência de recursos hídricos
Atualmente a quantidade de água utilizada em todo o mundo na produção de alimentos é da ordem de 7 mil metros cúbicos, de acordo com o Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI). A estimativa é que, até o ano 2050, este consumo praticamente dobre. Nas palavras de Jan Lundqvist, diretor do conselhor da SIWI, "as projeções indicam que a água necessária para produzir biocombustíveis crescerá na mesma proporção que a demanda de água por alimentos, o que representaria a necessidade de
9. Alternativas mais eficientes
Um estudo britânico publicado na revista Science demonstrou que as florestas podem absorver de duas a nove vezes mais carbono, em um período de 30 anos, do que as emissões evitadas pelo uso de biocombustíveis.
É importante salientar que parte dessas críticas são também um alerta para que parte do processo de produção do biocombustível, por exemplo, possa ser melhorado para evitar os desastres.
Algumas das possíveis melhoras são:
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fonte: culturabrasil.org |
Revolução Industrial
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.
A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a produção e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a matéria-prima e o artesão trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divisão social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção.
Na maquinofatura, o trabalhador estava submetido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução Industrial.
Na base do processo, está a Revolução Inglesa do século XVII. Depois de vencer a monarquia, a burguesia conquistou os mercados mundiais e transformou a estrutura agrária. Os ingleses avançaram sobre esses mercados por meios pacíficos ou militares. A hegemonia naval lhes dava o controle dos mares. Era o mercado que comandava o ritmo da produção, ao contrário do que aconteceria depois, nos países já industrializados, quando a produção criaria seu próprio mercado.
Até a segunda metade do século XVIII, a grande indústria inglesa era a tecelagem de lã. Mas a primeira a mecanizar-se foi a do algodão, feito com matéria-prima colonial (Estados Unidos, Índia e Brasil). Tecido leve, ajustava-se aos mercados tropicais; 90% da produção ia para o exterior e isto representava metade de toda a exportação inglesa, portanto é possível perceber o papel determinante do mercado externo, principalmente colonial, na arrancada industrial da Inglaterra. As colônias contribuíam com matéria-prima, capitais e consumo.
Os capitais também vinham do tráfico de escravos e do comércio com metrópoles colonialistas, como Portugal. Provavelmente, metade do ouro brasileiro acabou no Banco da Inglaterra e financiou estradas, portos, canais. A disponibilidade de capital, associada a um sistema bancário eficiente, com mais de quatrocentos bancos em 1790, explica a baixa taxa de juros; isto é, havia dinheiro barato para os empresários.
Depois de capital, recursos naturais e mercado, vamos ao quarto elemento essencial à industrialização, a transformação na estrutura agrária após a Revolução Inglesa. Com a gentry no poder, dispararam os cercamentos, autorizados pelo Parlamento. A divisão das terras coletivas beneficiou os grandes proprietários. As terras dos camponeses, os yeomen, foram reunidas num só lugar e eram tão poucas que não lhes garantiam a sobrevivência: eles se transformaram em proletários rurais; deixaram de ser ao mesmo tempo agricultores e artesãos.
Duas conseqüências se destacam: 1) diminuiu a oferta de trabalhadores na indústria doméstica rural, no momento em que ganhava impulso 0 mercado, tornando-se indispensável adotar nova forma de produção capaz de satisfazê-lo; 2) a proletarização abriu espaço para o investimento de capital na agricultura, do que resultaram a especialização da produção, o avanço técnico e o crescimento da produtividade.
A população cresceu, o mercado consumidor também; e sobrou mão-de-obra para os centros industriais.
Mecanização da Produção
Para alguns historiadores, a Revolução Industrial começa em 1733 com a invenção da lançadeira volante, por John Kay. O instrumento, adaptado aos teares manuais, aumentou a capacidade de tecer; até ali, o tecelão só podia fazer um tecido da largura de seus braços. A invenção provocou desequilíbrio, pois começaram a faltar fios, produzidos na roca. Em 1767, James Hargreaves inventou a spinning jenny, que permitia ao artesão fiar de uma só vez até oitenta fios, mas eram finos e quebradiços. A water frame de Richard Arkwright, movida a água, era econômica mas produzia fios grossos. Em 1779, S Samuel Crompton combinou as duas máquinas numa só, a mule, conseguindo fios finos e resistentes. Mas agora sobravam fios, desequilíbrio corrigido em 1785, quando Edmond Cartwright inventou o tear mecânico.
Cada problema surgido exigia nova invenção. Para mover o tear mecânico, era necessária uma energia motriz mais constante que a hidráulica, à base de rodas d’água. James Watt, aperfeiçoando a máquina a vapor, chegou à máquina de movimento duplo, com biela e manivela, que transformava o movimento linear do pistão em movimento circular, adaptando-se ao tear.
Para aumentar a resistência das máquinas, a madeira das peças foi substituída por metal, o que estimulou o avanço da siderurgia. Nos Estados Unidos, Eli Whitney inventou o descaroçador de algodão.
Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres chegou ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; centros como Manchester abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. Os artesãos, acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indenização ou pagamento de dias parados neste caso.
A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Havia freqüentes paradas da produção, provocando desemprego. Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. Outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) e em Lancashire (1779). Proprietários e governo organizaram uma defesa militar para proteger as empresas.
A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por idéias vindas da Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criar a Lei Speenhamland, que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter trabalho. Um imposto pago por toda a comunidade custeava tais despesas.
Havia mais organização entre os trabalhadores especializados, como os penteadores de lã. Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de associados; a associação passou a ter caráter reivindicatório. Assim surgiram as tradeunions, os sindicatos. Gradativamente, conquistaram a proibição do trabalho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve.
O ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO
A dupla face da modernização agrícola
Segundo dados do IBGE de 1999, 24,2% da PEA brasileira trabalha em atividades agrícolas, mas a agropecuária é responsável por apenas 8% do nosso produto interno bruto. Levando em conta ainda que grande parte dos trabalhadores agrícolas mora na periferia das cidades e se desloca diariamente ao campo para trabalhar como bóias frias em modernas agroindústrias, detentoras de grande parcela do PIB agropecuário, percebemos que, apesar da modernização verificada nas técnicas de produção em regiões onde agroindústria se fortaleceu, ainda persistem o subemprego, a baixa produtividade e a pobreza no campo.
Quando analisamos a modernização da agricultura, é comum pensarmos na modernização das técnicas e esquecermos de observar quais são as conseqüências da modernização nas relações sociais de produção e na qualidade de vida da população.
Cerca de 80% da força de trabalho agrícola é encontrada em pequenas e médias propriedades, que utilizam mão de obra familiar. Será que todos vivem nas mesmas condições? É óbvio que não. O que se verifica, na prática, são realidades de vida muito diferentes. Uma família que tenha uma propriedade rural próxima a um grande centro urbano e produza alimentos de forma intensiva para serem vendidos na cidade ou forneça matéria prima para as indústrias alimentícias, têxteis, farmacêuticas, etc., terá uma rentabilidade muito maior do que uma família que tenha a propriedade em uma área de difícil acesso e pratique agricultura extensiva.
No Brasil, verificou-se, até fins dos anos 80, um enorme crescimento da área cultivada com produtos agro-industriais de exportação, em detrimento de cultivos voltados ao abastecimento interno. Atualmente, produtos do mercado interno apresentam significativo aumento de produção. Isso se explica pela prática da associação de culturas em grandes propriedades.
Em algumas áreas do país, sobretudo no interior do estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, houve um grande fortalecimento da produção agro-industrial e da organização sindical que, de forma geral, melhorou a vida da população, tanto rural quanto urbana. As regiões Norte e Nordeste não acompanharam o ritmo de modernização e organização sindical do Centro-sul por razões históricas, como o amplo predomínio de latifúndios e a falta de investimentos estatais em obras de infra estrutura.
A outra faceta da modernização das técnicas é a valorização e conseqüente concentração de terras, a plena subordinação da agropecuária ao capital industrial, além da intensificação do êxodo rural em condições precárias. Caso um agricultor que se recuse ou não tenha as condições financeiras de comprara os fertilizantes fornecidos pelas indústrias, ele não conseguirá vender sua produção. Quem quiser ver sua produção exposta em gôndolas de supermercados ou nas barracas das feiras livres tem de utilizar produtos industriais em seus cultivos, daí a chamada dependência do campo em relação à cidade.
Nessa situação , os pequenos agricultores se vêem obrigados a recorrer a empréstimos bancários para se capitalizar e Ter condições de cultivar a terra dentro dos padrões exigidos. È comum, depois de acumular dívidas por alguns anos seguidos, serem obrigados a vender seu pedaço de terra, que ficou penhorado no banco quando contraiu o empréstimo, para evitar a quitação da dívida através de leilão.
O estatuto da terra e a estrutura fundiária
O estatuto da terra é um conjunto de leis criado em novembro de 1964 e que possibilitou a realização de um censo agropecuário. Procurava-se estabelecer uma política de reforma agraria que, na prática, foi implantada com muita timidez em áreas de conflito, com o claro intuito de abafar focos de pressão popular.
Para sua realização, surgiu a necessidade de classificar os imóveis rurais por categorias, da mesma forma que, para realizar o censo demográfico, as pessoas são classificadas por idade, sexo, etnia e renda. Logo surgiu a primeira dificuldade: como as condições físico-geográficas do imenso território brasileiro são extremamente diversas, uma unidade fixa de medida (por exemplo, um hectare - dez mil metros quadrados) não poderia ser utilizada na classificação dos imóveis rurais. Um hectare do oeste paulista corresponde a uma medida agrícola totalmente diferente de um hectare no solo ácido do cerrado ou no sertão nordestino.
Para resolver a questão, foi criada uma unidade de medida de imóveis rurais - o módulo rural - assim definida: "área explorável que, em determinada porção do país, direta e pessoalmente explorado por um conjunto familiar equivalente a quatro pessoas adultas, correspondendo a mil jornadas anuais, absorva toda a força de trabalho em face do nível tecnológico adotado naquela posição geográfica e, conforme o tipo de exploração considerado, proporcione um rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência e o progresso social e econômico." Em outras palavras, módulo rural é a propriedade que deve proporcionar condições dignas de vida a uma família de quatro pessoas adultas. Assim, ele possui área de dimensão variável, levando em consideração basicamente 3 fatores que, ao aumentarem o rendimento da produção e facilitar a comercialização, diminuem a área do módulo:
· Localização da propriedade - se o imóvel rural se localiza próximo a um grande cetro urbano, em região bem atendida pelos sistemas de transportes, ele proporciona rendimentos maiores que o imóvel mal localizado e, portanto, terá uma área menor;
· Fertilidade do solo e clima da região - quanto mais propicias as condições naturais da região, menor a área do módulo;
· Tipo de produto cultivado - em uma região do país onde se cultiva por exemplo, mandioca e se utilizam técnicas primitivas, o módulo rural deve ser maior que em uma região que produz morango com tecnologia moderna.
Depois de acertada a unidade de medida, foram criadas as categorias de imóveis rurais:
· Minifúndio - "Todo imóvel com área explorável inferior ao módulo fixado para a respectiva região e tipos de exploração nela ocorrentes." Na prática, esses são os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado interno de consumo, já que sua produção é, individualmente, obtida em pequenos volumes, o que inviabiliza economicamente a exportação.
· Latifúndio por dimensão - "Todo imóvel com área superior a seiscentas vezes o módulo rural médio fixado para a respectiva região e tipos de exploração nela ocorrentes." São as enormes propriedades agro-industriais, com produção quase sempre voltada à exportação.
· Latifúndio por exploração - "Todo imóvel cuja dimensão não exceda aquela admitida como máxima para empresa rural (600 vezes o módulo rural), tendo área igual ou superior à dimensão do módulo da região, mas que seja mantida inexplorada em relação as possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou que seja deficiente ou inadequadamente explorada, de modo a vedar-lhe a classificação como empresa rural. "Tratam-se dos imóveis rurais improdutivos, voltados à especulação imobiliária. O proprietário não adquiriu a terra com a intenção de nela produzir, gerar emprego e ajudar o país a crescer, mas para esperara sua valorização imobiliária, vendê-la e ganhar muito dinheiro sem trabalhar.
· Empresa rural - propriedade com área de uns seiscentos módulos, adequadamente explorada em relação às possibilidades da região. Nessa categoria, temos as médias propriedades, geralmente com produção de matéria prima para abastecer a agroindústria da laranja, da cana, etc.
Embora o Estatuto da Terra permaneça válido do ponto de vista legal, essa classificação foi utilizada pelo IBGE somente na realização dos censos agropecuários de 1965, 1975 e 1985.
A partir da década de 1990, esses critérios foram abandonados e passou-se a utilizar uma classificação regulamentada em lei após a Constituição de 1988. Assim, são consideradas pequenas as propriedades de até 4 módulos; médias, as de
Essa mudança foi necessária porque o artigo 185 do capítulo sobre reforma agrária proíbe a desapropriação de pequenas e médias propriedades, assim como das grandes propriedades produtivas, para fins de assentamentos rurais.
O Brasil é o país que apresenta uma das maiores concentrações de terra do mundo, verificamos aqui uma grande concentração de terras nas mão de alguns poucos proprietários, enquanto a maioria dos produtores rurais detém uma parcela muito pequena da área agrícola. Há, ainda, centenas de milhares de trabalhadores rurais sem terra. Essa realidade é extremamente perversa, à medida que cerca de 32% da área agrícola nacional é constituída por propriedades onde a terra está parada, improdutiva.
As relações de trabalho na zona rural
Em nossa zona rural predominam as seguintes relações de trabalho:
· trabalho familiar - Na agricultura brasileira, predomina a utilização de mão de obra familiar em pequenas e médias propriedades de agricultura de subsistência ou jardinagem, espalhadas pelo país. No caso de a família obter bons índices de produtividade e de rentabilidade, a qualidade de vida é boa e seus membros raramente sentem necessidade de complementar a renda com outras atividades. É uma situação encontrada no cinturão verde das grandes cidades e em algumas regiões agro-industriais, com destaque para a região da laranja no estado de S.Paulo. Mas, quando a agricultura é praticada pela família é extensiva, de subsistência, todos os membros se vêem obrigados a complementar a renda como trabalhadores temporários ou bóias frias em épocas de corte, colheita ou plantio nas grandes propriedades agro-industriais. Às vezes, buscam subemprego até mesmo nas cidades, retornando ao campo apenas em épocas necessárias ou propícias ao trabalho na propriedade familiar. Sempre abandonados pelos serviços públicos e excluídos do acesso a financiamentos agrícolas, esses lavradores pobres geralmente acabam por vender sua propriedade, instalando-se em submoradias na periferia das grandes cidades. Sua fonte de renda é o subemprego, já que o Estado nunca se preocupou em amparar os que considera subcidadãos, gerando no mínimo, o recrudescimento da violência, tanto rural quanto urbana. Essa condição miserável de vida está espalhada por todos os estados, sobretudo em áreas distantes dos grandes centros urbanos e que não receberam investimentos governamentais em obras de infra estrutura.
· Trabalho temporário - Os bóias-frias (Centro-sul), corumbás (Nordeste e Centro-oeste) ou peões (Norte) são trabalhadores diaristas, temporários e sem vínculo empregatício. Em outras palavras, recebem por dia segundo a produtividade. Eles têm serviço somente em algumas épocas do ano e não possuem carteira de trabalho registrada. É uma mão de obra que atende principalmente à agroindústria de cana de açúcar, laranja, algodão e café, trabalhando apenas no período do plantio e do corte ou da colheita. Quando a família que se sujeita a essa relação ilegal de trabalho possui uma pequena propriedade, ela faz um "bico" no latifúndio e retorna para casa. Quando nada possuem, as famílias são "volantes", ou seja, ao terminar a temporada de serviço em uma região, são obrigadas a se deslocar pelo campo até encontrar trabalho novamente. Embora completamente ilegal, essa relação de trabalho continua existindo, em função da presença do "gato", um empreiteiro que faz a intermediação entre o fazendeiro e os trabalhadores. Por não ser empresário, o gato não tem obrigações trabalhistas, não precisa registrar os funcionários. Em algumas regiões do Centro-Sul do país, sindicatos fortes e organizados passaram a fazer essa intermediação. Os bóias-frias agora recebem sua refeição no local de trabalho, têm acesso a serviços de assistência médica e recebem salários maiores que os bóias-frias de regiões onde o movimento sindical é desarticulado. Contudo, ainda enfrentam condições muito precárias de vida, já que seus filhos não têm acesso a um sistema educacional e também estão fadados ao subemprego. As estatísticas referentes à quantidade de trabalhadores temporários utilizados na agricultura são precárias, pois alguns bóias-frias são também pequenos proprietários. Calcula-se que aproximadamente 10% da mão de obra agrícola viva nessas condições.
· Trabalho assalariado - Representa apenas 10% da mão de obra agrícola. São trabalhadores que possuem registro em carteira, recebendo, portanto, pelo menos um salário mínimo por mês. Trabalhando em fazendas e agroindústrias, tem direito ainda a férias, com acréscimo de 30% do salário, 13º salário, FGTS, descanso semanal remunerado e aposentadoria.
· Parceria e arrendamento - Parceiros e arrendatários "alugam" a terra de alguém para cultivar alimentos e criar gado. Se o aluguel for pago em dinheiro, a situação é de arrendamento. Se o aluguel for pago com parte da produção, combinada entre as partes, a situação é de parceria.
· Escravidão por dívida - Trata-se do aliciamento de mão de obra através de promessas mentirosas. Ao entrar na fazenda, o trabalhador é informado de que está endividado e, como seu salário nunca é suficiente para quitar a dívida, fica aprisionado sob vigilância de jagunços fortemente armados.
Nossa produção agropecuária
O Brasil se destaca no mercado mundial como exportador de alguns produtos agrícolas - café, açúcar, soja e suco de laranja. Entretanto, para abastecer o mercado interno de consumo, há a necessidade de importação de alguns produtos, com destaque para o trigo, cuja área plantada foi reduzida a partir de 1990. Nesse ano, foi quebrado o monopólio da comercialização exercido pelo Banco do Brasil e, a partir de então, os moinhos ficaram livres para comprar de qualquer fornecedor, nacional ou estrangeiro. Como a produção de trigo da Argentina e EUA recebe fortes subsídios governamentais para a exportação, o produto importado chega ao Brasil mais barato que o internacional.
Ao longo da história do Brasil, a política agrícola tem dirigido maiores subsídios aos produtos agrícolas de exportação, cultivados nos grandes latifúndios, em detrimento da produção do mercado interno, obtida em pequenas e médias propriedades. Porém, em 1995, houve uma inversão de rumos e os produtos que receberam os maiores incentivos foram feijão, a mandioca e o milho, que, assim, passaram a apresentar significativo aumento da área cultivada e da produção obtida.
A política agrícola tem como objetivos básicos o abastecimento do mercado interno, o fornecimento de matérias primas para a indústria, e o ingresso de capitais através das exportações. Atualmente, com a elevação dos índices de desemprego tecnológico e as possibilidades de urbanização dos trabalhadores agrícolas, a realização competente de uma reforma agrária só traria benefícios a população e ao país.
Na pecuária brasileira, destacam-se os bovinos, criados de forma predominantemente semi-extensiva. Embora predomine o gado rústico, de menor aproveitamento da carcaça, a maior parte atualmente dos animais é vacinada e alimentada em pastagens cultivadas. Somente em regiões onde há deficiência no sistema de transportes, ou quando o solo não oferece boas condições de utilização agrícola e, portanto, produção de ração, a pecuária ainda é extensiva, caracterizando-se pelo baixo aproveitamento da terra, pela subnutrição e por baixos índices de fertilidade.
As principais áreas do país que ainda apresentam essa realidade são a periferia da Amazônia, o Sertão nordestino e o Pantanal mato-grossense.
A pecuária semi-extensiva se desenvolve em regiões de economia dinâmica - oeste paulista, Triângulo mineiro e Campanha gaúcha -, onde há seleção de raça e elevados índices de produtividade e rentabilidade e em algumas áreas de expansão das fronteiras , como Tocantins, Rondônia e Mato Grosso, principalmente. Nos cinturões verdes e nas bacias leiteiras, a criação de bovinos é praticada de forma intensiva, com boa qualidade dos rebanhos e alta produtividade de leite e carne. Nessa modalidade de criação, destacam-se o Vale do Paraíba (S. Paulo) e o sul de Minas Gerais. Já o centro-oeste de Santa Catarina apresenta grande concentração de frigoríficos e se destaca na criação de aves e suínos em pequenas e médias propriedades que fornecem a matéria prima às empresas.
Fonte: Geografia Geral e do Brasil, Sene e Moreira, Editora Scipione.