domingo, 14 de agosto de 2011

Biocombustível

Biocombustíveis x Alimentos 2

O segundo passo para uma resposta a este questionamento é o da compreensão da relação entre a formação de preço dos alimentos ao consumidor e a produção de biocombustíveis, do ponto de vista da realidade brasileira e mundial.

1. Os biocombustíveis têm alguma coisa a ver com os alimentos que compramos?
Enquanto no Brasil o álcool é feito a partir de apenas dois terços da área de cana-de-açúcar plantada, nos EUA o bioetanol é feito basicamente de milho, apesar do balanço energético muito menor desta cultura na produção de biocombustíveis em relação à cana (1:1,4 do milho; 1:8,5 da cana).
No caso do biodiesel, apesar de estarmos produzindo basicamente a partir da soja, temos feito investimentos em pesquisas de culturas que em nada, ou em muito pouco, se relacionam com a alimentação humana como a mamona, macaúba, palma (dendê), algodão (caroço), Pinhão manso dentre outras.
2. Aumento da demanda
Pela esta mesma lei do capitalismo, os preços podem subir tanto para um mercado quanto para o outro. Se houver mais demanda de um lado, haverá uma elevação no preço do outro, até o equilíbrio do mercado.
3. Diminuição na produção de alimentos
Esta euforia inicial dos agricultores brasileiros de substituição de culturas tradicionais pelas utilizadas na produção de biodiesel e etanol, é muito natural. O resultado imediato é a elevação dos preços dos alimentos, mas, a longo prazo, a tendência natural do mercado é o equilíbrio destes preços em patamares bem mais realísticos que os deste inicio.
4. Aumento indireto de preços dos alimentos
A tendência da tecnologia de produção de bicombustíveis é o de utilização dos subprodutos resultantes do processo para a alimentação animal, fertilizantes químicos e geração de energia. Ou seja, mesmo indiretamente aumentando o preço destes alimentos, ainda indiretamente, ele também tende a diminuir o seu preço inclusive pela implementação de alguns novos subprodutos.

5. Exclusão social
No Brasil esta realidade esta sendo combatida pela implementação de uma política de incentivo ao pequeno agricultor que poderia resolver parte do problema.

6. Aumento do efeito estufa
No Brasil, o uso de derivados de combustíveis fosseis vem sendo substituído por etanol, muitas vezes mais limpo, segundo o mesmo estudo, a produção brasileira do etanol de cana foi considerada menos poluente do que o petróleo, gerando de 50 a 90% a menos dos gases do efeito estufa que seriam emitidos pela gasolina. Isso tudo sem levar em conta os benefícios do uso dos subprodutos dos biocombustíveis (o bagaço da cana, por exemplo) para produzir o próprio biocombustível egerar energia eletrica.
7. Desmatamento de florestas
O crescimento no percentual de desmatamento da Amazônia, que há cinco anos seguia tendência de diminuição, nada tem a ver com o aumento da área plantada de cana-de-açúcar. A área de cana-de-açucar brasileira tem crescido principalmente sobre terras degradadas, antes ocupadas pela bovinicultura.
Devemos ressaltar, ainda que as áreas ocupadas com gado, hoje, no Brasil perfazem um total de próximo de 220 milhões de hectares com um rebanho de aproximadamente 200 milhões de cabeças, dando uma ocupação (densidade) de 0,9 cabeças/ha de media nacional, o que é muito baixa. Porém, em São Paulo, já ultrapassa 1,2 cabeça/ha. Se esta media nacional passar para 1,4 cabeça/ha, por exemplo, haveria uma liberação de mais de 40 milhões de ha de pastagens, ou seja, 8 vezes a área atual ocupada com cana para álcool.
8. Insuficiência de recursos hídricos
Atualmente a quantidade de água utilizada em todo o mundo na produção de alimentos é da ordem de 7 mil metros cúbicos, de acordo com o Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI). A estimativa é que, até o ano 2050, este consumo praticamente dobre. Nas palavras de Jan Lundqvist, diretor do conselhor da SIWI, "as projeções indicam que a água necessária para produzir biocombustíveis crescerá na mesma proporção que a demanda de água por alimentos, o que representaria a necessidade de 20 a 30 milhões de quilômetros cúbicos em 2050. E isto não é possível".
9. Alternativas mais eficientes
Um estudo britânico publicado na revista Science demonstrou que as florestas podem absorver de duas a nove vezes mais carbono, em um período de 30 anos, do que as emissões evitadas pelo uso de biocombustíveis.
É importante salientar que parte dessas críticas são também um alerta para que parte do processo de produção do biocombustível, por exemplo, possa ser melhorado para evitar os desastres.
Algumas das possíveis melhoras são:

  • A escolha de matérias-primas mais produtivas e que exijam menos fertilizantes e menos energia na colheita;
  • O uso de terras já desmatadas e não cultivadas para o plantio;
  • A diminuição do combustível fóssil no processo de produção e transporte;
  • A utilização de pequenos agricultores para a produção de matéria-prima

3º anos Crise dos alimentos

25/04/2008 - 14h54

Entenda a crise dos alimentos

da Folha Online

A recente(2008) alta nos preços dos produtos agrícolas foi motivada por uma série de fatores conjugados e se tornou uma crise mundial. O maior temor, além da falta de suprimentos, é que cresçam as revoltas populares pela falta de comida, o que já foi registrado em diversos países, como Haiti, Indonésia, Camarões e Egito. Nesse sentido, diversas instituições internacionais já se manifestaram, como ONU, Banco Mundial, FMI e Bird, por exemplo.

Entenda os principais motivos que desencadearam a crise:


Desenvolvimento global - A longa fase de prosperidade mundial, com especial força nos países emergentes, fez crescer significativamente o consumo de alimentos no mundo. Antes de se iniciar a atual crise de crédito nos Estados Unidos, o mundo não passava por uma crise financeira com dimensões globais desde o final da década de 1990.

Assim, os seguidos anos de calmaria deram condições para que o comércio exterior disparasse, o que gerou renda nos países mais pobres --estas nações são referência histórica tanto na produção de matérias-primas como para base de empresas multinacionais. Com mais dinheiro no bolso, a população desses países, entre eles Brasil e China, passou a consumir mais, sendo que os alimentos foram os primeiros produtos a terem seus consumos elevados, causando um descompasso entre oferta e demanda.


População - A população mundial está em franca expansão. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), passará de 6,5 bilhões de pessoas em 2005 para 8,3 bilhões em 2030 e 9 bilhões em 2050. O efeito do aumento do número de pessoas que se alimentam ganha ainda mais peso porque a maioria delas nasce na Ásia e na África, onde o consumo de alimentos cresce em ritmo mais rápido devido ao desenvolvimento econômico desses continentes.


Secas - Alguns dos principais produtores mundiais de alimentos, como o Brasil e a Austrália, passaram recentemente por fortes secas que atingiram a produção. Na Austrália a seca já perdura por seis anos, enquanto que o Brasil e o Leste Europeu tiveram problemas entre 2005 e 2006. Com a quebra de safra nesses países, os estoques foram reduzidos e agora estão perigosamente baixos devido ao aumento no consumo.


Petróleo - Assim como os alimentos, os preços de outras commodities (matérias-primas) também estão em alta. É o caso do petróleo. O produto está com seu preço em níveis recordes, o que causa impacto em toda a cadeia de produção e distribuição de alimentos. Quase todas as fazendas usam óleo diesel para movimentar as máquinas, e os fertilizantes possuem também diversos componentes vindos do petróleo. Além disso, o combustível mais caro eleva o preço do transporte dos alimentos para os centros consumidores, elevando o preço final da comida.


Especulação financeira - Quase todos os principais alimentos possuem mecanismos financeiros de compra e venda em um prazo pré-determinado, o que é chamado de mercado futuro. Nos últimos meses, os preços dos alimentos no mercado futuro dispararam devido à entrada de muitos investidores neste tipo de investimento. Eles apostam exatamente que estes preços irão crescer. Se isso ocorre, eles lucram, já que poderão vender o que têm a valores maiores do que o investido inicialmente.


Enfraquecimento do dólar - O dólar é a moeda usada para a cotação das commodities agrícolas em quase todos os principais mercados futuros. Como a moeda americana está em níveis históricos de queda ante outras moedas fortes, como o euro, os investidores forçam a alta do preço dos alimentos no mercado futuro para "compensar" essa desvalorização.


Alta nos custos - A produção de carnes em geral recebe duplo impacto. Seus custos disparam não só pela alta do petróleo, mas pela própria alta no preço dos alimentos, já que alguns deles --em especial o milho-- são usados na ração dos animais.


Biocombustíveis - Diversas entidades, como a ONU (Organização das Nações Unidas) e o FMI (Fundo Monetário Mundial), reclamam do desvio de parte da produção agrícola para a produção de biocombustíveis. O resultado, segundo eles, é que a oferta cai ainda mais em um momento de alta na demanda, causando a elevação dos preços. O caso mais criticado é o do milho, usado nos Estados Unidos para a produção de álcool, que levou à disparada do preço do produto no mercado internacional já no ano passado. Também criticam a substituições de lavouras tradicionais pelas de cana-de-açúcar, em um ataque direto ao Brasil --principal exportador de álcool do mundo e que usa a cana-de-açúcar para extrair o produto.


Travamento às exportações -Diante do risco de desabastecimento, grandes países produtores de alimentos estão impedindo a exportação, agravando o cenário nos países importadores. Os casos mais recentes foram vistos com o trigo argentino e o arroz indiano e vietnamita.

domingo, 7 de agosto de 2011

Revolução Industrial 3ºI e 3ºJ-

fonte: culturabrasil.org

Revolução Industrial

A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica.

A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.

Etapas da industrialização

Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial:

1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a "oficina do mundo". Preponderam a produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor.

1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Ale­manha, Estados Unidos, Itália, Japão, Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens de produção se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, como a hidrelétrica e a derivada do petróleo. O trans­porte também se revoluciona, com a invenção da locomotiva e do barco a vapor.

1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se automatiza; surge a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, com a expansão dos meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, a engenharia genética, a robótica

Artesanato, manufatura e maquinofatura

O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com o renascimento comercial e urbano e definia-se pela produção independente; o produtor possuía os meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho ou com a família, o artesão realizava todas as etapas da produção.

A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a produção e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a matéria-prima e o arte­são trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divisão social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção.

Na maquinofatura, o trabalhador estava sub­metido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução Industrial.

O pioneirismo inglês

Quatro elementos essenciais concorreram para a industrialização: capital, recursos naturais, mercado, transformação agrária.

Na base do processo, está a Revolução Inglesa do século XVII. Depois de vencer a monarquia, a burguesia conquistou os merca­dos mundiais e transformou a estrutura agrária. Os ingleses avançaram sobre esses mercados por meios pacíficos ou militares. A hegemonia naval lhes dava o controle dos mares. Era o mercado que comandava o ritmo da produção, ao contrário do que aconteceria depois, nos países já industrializados, quando a produção criaria seu próprio mercado.

Até a segunda metade do século XVIII, a grande indústria inglesa era a tecelagem de lã. Mas a primeira a mecanizar-se foi a do algodão, feito com matéria-prima colonial (Estados Uni­dos, Índia e Brasil). Tecido leve, ajustava-se aos mercados tropicais; 90% da produção ia para o exterior e isto representava metade de toda a exportação inglesa, portanto é possível perceber o papel determinante do mercado externo, principalmente colonial, na arrancada industrial da Inglaterra. As colônias contribuíam com matéria-prima, capitais e consumo.

Os capitais também vinham do tráfico de escravos e do comércio com metrópoles colonialistas, como Portugal. Provavelmente, metade do ouro brasileiro acabou no Banco da Inglaterra e financiou estradas, portos, canais. A disponibilidade de capital, associada a um sistema bancário eficiente, com mais de quatrocentos bancos em 1790, explica a baixa taxa de juros; isto é, havia dinheiro barato para os empresários.

Depois de capital, recursos naturais e merca­do, vamos ao quarto elemento essencial à industrialização, a transformação na estrutura agrária após a Revolução Inglesa. Com a gentry no poder, dispararam os cercamentos, autorizados pelo Parlamento. A divisão das terras coletivas beneficiou os grandes proprietários. As terras dos camponeses, os yeomen, foram reunidas num só lugar e eram tão poucas que não lhes garantiam a sobrevivência: eles se transforma­ram em proletários rurais; deixaram de ser ao mesmo tempo agricultores e artesãos.

Duas conseqüências se destacam: 1) diminuiu a oferta de trabalhadores na indústria doméstica rural, no momento em que ganhava impulso 0 mercado, tornando-se indispensável adotar nova forma de produção capaz de satisfazê-lo; 2) a proletarização abriu espaço para o investimento de capital na agricultura, do que resultaram a especialização da produção, o avanço técnico e o crescimento da produtividade.

A população cresceu, o mercado consumidor também; e sobrou mão-de-obra para os centros industriais.

Mecanização da Produção

As invenções não resultam de atos individuais ou do acaso, mas de problemas concretos coloca­dos para homens práticos. O invento atende à necessidade social de um momento; do contrário, nasce morto. Da Vinci imaginou a máquina a vapor no século XVI, mas ela só teve aplicação no ,século XVIII.

Para alguns historiadores, a Revolução Industrial começa em 1733 com a invenção da lançadeira volante, por John Kay. O instrumento, adaptado aos teares manuais, aumentou a capacidade de tecer; até ali, o tecelão só podia fazer um tecido da largura de seus braços. A invenção provocou desequilíbrio, pois começa­ram a faltar fios, produzidos na roca. Em 1767, James Hargreaves inventou a spinning jenny, que permitia ao artesão fiar de uma só vez até oitenta fios, mas eram finos e quebradiços. A water frame de Richard Arkwright, movida a água, era econômica mas produzia fios grossos. Em 1779, S Samuel Crompton combinou as duas máquinas numa só, a mule, conseguindo fios finos e resistentes. Mas agora sobravam fios, desequilíbrio corrigido em 1785, quando Edmond Cartwright inventou o tear mecânico.

Cada problema surgido exigia nova invenção. Para mover o tear mecânico, era necessária uma energia motriz mais constante que a hidráulica, à base de rodas d’água. James Watt, aperfeiçoando a máquina a vapor, chegou à máquina de movi­mento duplo, com biela e manivela, que transformava o movimento linear do pistão em movimento circular, adaptando-se ao tear.

Para aumentar a resistência das máquinas, a madeira das peças foi substituída por metal, o que estimulou o avanço da siderurgia. Nos Esta­dos Unidos, Eli Whitney inventou o descaroça­dor de algodão.

Revolução Social

A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais importante, que trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi esta separação: de um lado, capital e meios de produção (instalações, máquinas, matéria-prima); de outro, o trabalho. Os operários passaram a assalariados dos capitalistas (donos do capital).

Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres chegou ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; centros como Manchester abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. Os artesãos, acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indenização ou pagamento de dias para­dos neste caso.

A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Havia freqüentes paradas da produção, provocando desemprego. Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. Outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) e em Lancashire (1779). Proprietários e governo organizaram uma defesa militar para proteger as empresas.

A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por idéias vindas da Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criar a Lei Speenhamland, que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter trabalho. Um imposto pago por toda a comunidade custeava tais despesas.

Havia mais organização entre os trabalhadores especializados, como os penteadores de lã. Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de associados; a associação passou a ter caráter reivindicatório. Assim surgiram as tradeunions, os sindicatos. Gradativamente, conquistaram a proibição do trabalho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve.

Agricultura Brasileira 3º anos

O ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO

A dupla face da modernização agrícola

Segundo dados do IBGE de 1999, 24,2% da PEA brasileira trabalha em atividades agrícolas, mas a agropecuária é responsável por apenas 8% do nosso produto interno bruto. Levando em conta ainda que grande parte dos trabalhadores agrícolas mora na periferia das cidades e se desloca diariamente ao campo para trabalhar como bóias frias em modernas agroindústrias, detentoras de grande parcela do PIB agropecuário, percebemos que, apesar da modernização verificada nas técnicas de produção em regiões onde agroindústria se fortaleceu, ainda persistem o subemprego, a baixa produtividade e a pobreza no campo.

Quando analisamos a modernização da agricultura, é comum pensarmos na modernização das técnicas e esquecermos de observar quais são as conseqüências da modernização nas relações sociais de produção e na qualidade de vida da população.

Cerca de 80% da força de trabalho agrícola é encontrada em pequenas e médias propriedades, que utilizam mão de obra familiar. Será que todos vivem nas mesmas condições? É óbvio que não. O que se verifica, na prática, são realidades de vida muito diferentes. Uma família que tenha uma propriedade rural próxima a um grande centro urbano e produza alimentos de forma intensiva para serem vendidos na cidade ou forneça matéria prima para as indústrias alimentícias, têxteis, farmacêuticas, etc., terá uma rentabilidade muito maior do que uma família que tenha a propriedade em uma área de difícil acesso e pratique agricultura extensiva.

No Brasil, verificou-se, até fins dos anos 80, um enorme crescimento da área cultivada com produtos agro-industriais de exportação, em detrimento de cultivos voltados ao abastecimento interno. Atualmente, produtos do mercado interno apresentam significativo aumento de produção. Isso se explica pela prática da associação de culturas em grandes propriedades.

Em algumas áreas do país, sobretudo no interior do estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, houve um grande fortalecimento da produção agro-industrial e da organização sindical que, de forma geral, melhorou a vida da população, tanto rural quanto urbana. As regiões Norte e Nordeste não acompanharam o ritmo de modernização e organização sindical do Centro-sul por razões históricas, como o amplo predomínio de latifúndios e a falta de investimentos estatais em obras de infra estrutura.

A outra faceta da modernização das técnicas é a valorização e conseqüente concentração de terras, a plena subordinação da agropecuária ao capital industrial, além da intensificação do êxodo rural em condições precárias. Caso um agricultor que se recuse ou não tenha as condições financeiras de comprara os fertilizantes fornecidos pelas indústrias, ele não conseguirá vender sua produção. Quem quiser ver sua produção exposta em gôndolas de supermercados ou nas barracas das feiras livres tem de utilizar produtos industriais em seus cultivos, daí a chamada dependência do campo em relação à cidade.

Nessa situação , os pequenos agricultores se vêem obrigados a recorrer a empréstimos bancários para se capitalizar e Ter condições de cultivar a terra dentro dos padrões exigidos. È comum, depois de acumular dívidas por alguns anos seguidos, serem obrigados a vender seu pedaço de terra, que ficou penhorado no banco quando contraiu o empréstimo, para evitar a quitação da dívida através de leilão.

O estatuto da terra e a estrutura fundiária

O estatuto da terra é um conjunto de leis criado em novembro de 1964 e que possibilitou a realização de um censo agropecuário. Procurava-se estabelecer uma política de reforma agraria que, na prática, foi implantada com muita timidez em áreas de conflito, com o claro intuito de abafar focos de pressão popular.

Para sua realização, surgiu a necessidade de classificar os imóveis rurais por categorias, da mesma forma que, para realizar o censo demográfico, as pessoas são classificadas por idade, sexo, etnia e renda. Logo surgiu a primeira dificuldade: como as condições físico-geográficas do imenso território brasileiro são extremamente diversas, uma unidade fixa de medida (por exemplo, um hectare - dez mil metros quadrados) não poderia ser utilizada na classificação dos imóveis rurais. Um hectare do oeste paulista corresponde a uma medida agrícola totalmente diferente de um hectare no solo ácido do cerrado ou no sertão nordestino.

Para resolver a questão, foi criada uma unidade de medida de imóveis rurais - o módulo rural - assim definida: "área explorável que, em determinada porção do país, direta e pessoalmente explorado por um conjunto familiar equivalente a quatro pessoas adultas, correspondendo a mil jornadas anuais, absorva toda a força de trabalho em face do nível tecnológico adotado naquela posição geográfica e, conforme o tipo de exploração considerado, proporcione um rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência e o progresso social e econômico." Em outras palavras, módulo rural é a propriedade que deve proporcionar condições dignas de vida a uma família de quatro pessoas adultas. Assim, ele possui área de dimensão variável, levando em consideração basicamente 3 fatores que, ao aumentarem o rendimento da produção e facilitar a comercialização, diminuem a área do módulo:

· Localização da propriedade - se o imóvel rural se localiza próximo a um grande cetro urbano, em região bem atendida pelos sistemas de transportes, ele proporciona rendimentos maiores que o imóvel mal localizado e, portanto, terá uma área menor;

· Fertilidade do solo e clima da região - quanto mais propicias as condições naturais da região, menor a área do módulo;

· Tipo de produto cultivado - em uma região do país onde se cultiva por exemplo, mandioca e se utilizam técnicas primitivas, o módulo rural deve ser maior que em uma região que produz morango com tecnologia moderna.

Depois de acertada a unidade de medida, foram criadas as categorias de imóveis rurais:

· Minifúndio - "Todo imóvel com área explorável inferior ao módulo fixado para a respectiva região e tipos de exploração nela ocorrentes." Na prática, esses são os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado interno de consumo, já que sua produção é, individualmente, obtida em pequenos volumes, o que inviabiliza economicamente a exportação.

· Latifúndio por dimensão - "Todo imóvel com área superior a seiscentas vezes o módulo rural médio fixado para a respectiva região e tipos de exploração nela ocorrentes." São as enormes propriedades agro-industriais, com produção quase sempre voltada à exportação.

· Latifúndio por exploração - "Todo imóvel cuja dimensão não exceda aquela admitida como máxima para empresa rural (600 vezes o módulo rural), tendo área igual ou superior à dimensão do módulo da região, mas que seja mantida inexplorada em relação as possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou que seja deficiente ou inadequadamente explorada, de modo a vedar-lhe a classificação como empresa rural. "Tratam-se dos imóveis rurais improdutivos, voltados à especulação imobiliária. O proprietário não adquiriu a terra com a intenção de nela produzir, gerar emprego e ajudar o país a crescer, mas para esperara sua valorização imobiliária, vendê-la e ganhar muito dinheiro sem trabalhar.

· Empresa rural - propriedade com área de uns seiscentos módulos, adequadamente explorada em relação às possibilidades da região. Nessa categoria, temos as médias propriedades, geralmente com produção de matéria prima para abastecer a agroindústria da laranja, da cana, etc.

Embora o Estatuto da Terra permaneça válido do ponto de vista legal, essa classificação foi utilizada pelo IBGE somente na realização dos censos agropecuários de 1965, 1975 e 1985.

A partir da década de 1990, esses critérios foram abandonados e passou-se a utilizar uma classificação regulamentada em lei após a Constituição de 1988. Assim, são consideradas pequenas as propriedades de até 4 módulos; médias, as de 4 a 15 módulos; e grandes, as maiores do que 15 módulos.

Essa mudança foi necessária porque o artigo 185 do capítulo sobre reforma agrária proíbe a desapropriação de pequenas e médias propriedades, assim como das grandes propriedades produtivas, para fins de assentamentos rurais.

O Brasil é o país que apresenta uma das maiores concentrações de terra do mundo, verificamos aqui uma grande concentração de terras nas mão de alguns poucos proprietários, enquanto a maioria dos produtores rurais detém uma parcela muito pequena da área agrícola. Há, ainda, centenas de milhares de trabalhadores rurais sem terra. Essa realidade é extremamente perversa, à medida que cerca de 32% da área agrícola nacional é constituída por propriedades onde a terra está parada, improdutiva.

As relações de trabalho na zona rural

Em nossa zona rural predominam as seguintes relações de trabalho:

· trabalho familiar - Na agricultura brasileira, predomina a utilização de mão de obra familiar em pequenas e médias propriedades de agricultura de subsistência ou jardinagem, espalhadas pelo país. No caso de a família obter bons índices de produtividade e de rentabilidade, a qualidade de vida é boa e seus membros raramente sentem necessidade de complementar a renda com outras atividades. É uma situação encontrada no cinturão verde das grandes cidades e em algumas regiões agro-industriais, com destaque para a região da laranja no estado de S.Paulo. Mas, quando a agricultura é praticada pela família é extensiva, de subsistência, todos os membros se vêem obrigados a complementar a renda como trabalhadores temporários ou bóias frias em épocas de corte, colheita ou plantio nas grandes propriedades agro-industriais. Às vezes, buscam subemprego até mesmo nas cidades, retornando ao campo apenas em épocas necessárias ou propícias ao trabalho na propriedade familiar. Sempre abandonados pelos serviços públicos e excluídos do acesso a financiamentos agrícolas, esses lavradores pobres geralmente acabam por vender sua propriedade, instalando-se em submoradias na periferia das grandes cidades. Sua fonte de renda é o subemprego, já que o Estado nunca se preocupou em amparar os que considera subcidadãos, gerando no mínimo, o recrudescimento da violência, tanto rural quanto urbana. Essa condição miserável de vida está espalhada por todos os estados, sobretudo em áreas distantes dos grandes centros urbanos e que não receberam investimentos governamentais em obras de infra estrutura.

· Trabalho temporário - Os bóias-frias (Centro-sul), corumbás (Nordeste e Centro-oeste) ou peões (Norte) são trabalhadores diaristas, temporários e sem vínculo empregatício. Em outras palavras, recebem por dia segundo a produtividade. Eles têm serviço somente em algumas épocas do ano e não possuem carteira de trabalho registrada. É uma mão de obra que atende principalmente à agroindústria de cana de açúcar, laranja, algodão e café, trabalhando apenas no período do plantio e do corte ou da colheita. Quando a família que se sujeita a essa relação ilegal de trabalho possui uma pequena propriedade, ela faz um "bico" no latifúndio e retorna para casa. Quando nada possuem, as famílias são "volantes", ou seja, ao terminar a temporada de serviço em uma região, são obrigadas a se deslocar pelo campo até encontrar trabalho novamente. Embora completamente ilegal, essa relação de trabalho continua existindo, em função da presença do "gato", um empreiteiro que faz a intermediação entre o fazendeiro e os trabalhadores. Por não ser empresário, o gato não tem obrigações trabalhistas, não precisa registrar os funcionários. Em algumas regiões do Centro-Sul do país, sindicatos fortes e organizados passaram a fazer essa intermediação. Os bóias-frias agora recebem sua refeição no local de trabalho, têm acesso a serviços de assistência médica e recebem salários maiores que os bóias-frias de regiões onde o movimento sindical é desarticulado. Contudo, ainda enfrentam condições muito precárias de vida, já que seus filhos não têm acesso a um sistema educacional e também estão fadados ao subemprego. As estatísticas referentes à quantidade de trabalhadores temporários utilizados na agricultura são precárias, pois alguns bóias-frias são também pequenos proprietários. Calcula-se que aproximadamente 10% da mão de obra agrícola viva nessas condições.

· Trabalho assalariado - Representa apenas 10% da mão de obra agrícola. São trabalhadores que possuem registro em carteira, recebendo, portanto, pelo menos um salário mínimo por mês. Trabalhando em fazendas e agroindústrias, tem direito ainda a férias, com acréscimo de 30% do salário, 13º salário, FGTS, descanso semanal remunerado e aposentadoria.

· Parceria e arrendamento - Parceiros e arrendatários "alugam" a terra de alguém para cultivar alimentos e criar gado. Se o aluguel for pago em dinheiro, a situação é de arrendamento. Se o aluguel for pago com parte da produção, combinada entre as partes, a situação é de parceria.

· Escravidão por dívida - Trata-se do aliciamento de mão de obra através de promessas mentirosas. Ao entrar na fazenda, o trabalhador é informado de que está endividado e, como seu salário nunca é suficiente para quitar a dívida, fica aprisionado sob vigilância de jagunços fortemente armados.

Nossa produção agropecuária

O Brasil se destaca no mercado mundial como exportador de alguns produtos agrícolas - café, açúcar, soja e suco de laranja. Entretanto, para abastecer o mercado interno de consumo, há a necessidade de importação de alguns produtos, com destaque para o trigo, cuja área plantada foi reduzida a partir de 1990. Nesse ano, foi quebrado o monopólio da comercialização exercido pelo Banco do Brasil e, a partir de então, os moinhos ficaram livres para comprar de qualquer fornecedor, nacional ou estrangeiro. Como a produção de trigo da Argentina e EUA recebe fortes subsídios governamentais para a exportação, o produto importado chega ao Brasil mais barato que o internacional.

Ao longo da história do Brasil, a política agrícola tem dirigido maiores subsídios aos produtos agrícolas de exportação, cultivados nos grandes latifúndios, em detrimento da produção do mercado interno, obtida em pequenas e médias propriedades. Porém, em 1995, houve uma inversão de rumos e os produtos que receberam os maiores incentivos foram feijão, a mandioca e o milho, que, assim, passaram a apresentar significativo aumento da área cultivada e da produção obtida.

A política agrícola tem como objetivos básicos o abastecimento do mercado interno, o fornecimento de matérias primas para a indústria, e o ingresso de capitais através das exportações. Atualmente, com a elevação dos índices de desemprego tecnológico e as possibilidades de urbanização dos trabalhadores agrícolas, a realização competente de uma reforma agrária só traria benefícios a população e ao país.

Na pecuária brasileira, destacam-se os bovinos, criados de forma predominantemente semi-extensiva. Embora predomine o gado rústico, de menor aproveitamento da carcaça, a maior parte atualmente dos animais é vacinada e alimentada em pastagens cultivadas. Somente em regiões onde há deficiência no sistema de transportes, ou quando o solo não oferece boas condições de utilização agrícola e, portanto, produção de ração, a pecuária ainda é extensiva, caracterizando-se pelo baixo aproveitamento da terra, pela subnutrição e por baixos índices de fertilidade.

As principais áreas do país que ainda apresentam essa realidade são a periferia da Amazônia, o Sertão nordestino e o Pantanal mato-grossense.

A pecuária semi-extensiva se desenvolve em regiões de economia dinâmica - oeste paulista, Triângulo mineiro e Campanha gaúcha -, onde há seleção de raça e elevados índices de produtividade e rentabilidade e em algumas áreas de expansão das fronteiras , como Tocantins, Rondônia e Mato Grosso, principalmente. Nos cinturões verdes e nas bacias leiteiras, a criação de bovinos é praticada de forma intensiva, com boa qualidade dos rebanhos e alta produtividade de leite e carne. Nessa modalidade de criação, destacam-se o Vale do Paraíba (S. Paulo) e o sul de Minas Gerais. Já o centro-oeste de Santa Catarina apresenta grande concentração de frigoríficos e se destaca na criação de aves e suínos em pequenas e médias propriedades que fornecem a matéria prima às empresas.

Fonte: Geografia Geral e do Brasil, Sene e Moreira, Editora Scipione.

Agricultura geral- 3º anos 3º bi

fonte: Geografia Geral e do Brasil, Sene e Moreira

As novas relações campo x cidade:

A produção agrícola é obtida em condições muito heterogêneas no mundo. Das diversas formas de relação entre o homem e o meio geográfico, a vida rural, e mesmo a vida da população urbana que trabalha em atividades agrícolas, é a mais diversificada. Os países desenvolvidos e industrializados intensificaram a produção agrícola por meio da modernização das técnicas empregadas, utilizando cada vez menos mão de obra. Nos países subdesenvolvidos, foram principalmente as regiões agrícolas que abastecem o mercado externo que passaram por semelhante processo de modernização das técnicas de cultivo e colheita. Em contrapartida, houve o êxodo rural acelerado, que promoveu o drástico empobrecimento dos trabalhadores agrícolas, concentrados na periferia das grandes cidades. Por outro lado, todas as regiões em que se utilizam métodos tradicionais de produção - principalmente dos países pobres do Sudeste asiático e a maioria dos países africanos - buscam ainda meios de associar um modo de vida rural extremamente rudimentar às incertezas biogeográficas e climáticas, na tentativa de evitar o flagelo da fome e as adversidades da emigração.

O planeta apresenta países e regiões onde os progressos técnicos nos sistemas de transporte e comunicações estão plenamente materializados em redes ou sistemas de transportes de pessoas, mercadorias e informações que lhes permitem partir para uma política agrícola e industrial de especialização produtiva. Regiões ricas e modernizadas garantindo maiores taxas de lucro. Buscam em outras regiões o que não produzem internamente. Essa realidade intensificou o comercio mundial. Por outro lado, as regiões pobres e tecnicamente atrasadas se vêem obrigadas a consumir basicamente o que produzem e são muito mais sensíveis aos rigores impostos pelas condições naturais, nem sempre favoráveis à produção agrícola. A conseqüência imediata dessa situação é a fome.

Nos países em que predomina o trabalho agrícola, utilizando mão de obra urbana e rural, o papel do estado na regulamentação das relações de trabalho, do acesso a propriedade da terra e da política de produção, financiamento e subsídios agrícolas assume importância fundamental no combate a fome.

As políticas modernas de reforma agraria visam a integração dos trabalhadores agrícolas e dos pequenos e médios proprietários nas modernas técnicas de produção, e não apenas distribuir terras aos camponeses e abandona-los a concorrência com produtores rurais altamente capitalizados, sejam eles do próprio país ou do exterior. A reforma agraria não é mais sinônimo de expropriação ou estatização das propriedades rurais para distribui-las aos camponeses. Mais que isso, principalmente em países subdesenvolvidos, trata-se de reformar a estrutura fundiária e as relações de trabalho, buscando o estabelecimento de propriedades na produção. Em primeiro plano, visa ao abastecimento do mercado interno de consumo. As outras metas são o abastecimento de matérias primas às indústrias, o aumento do ingresso de capital, através das exportações, e a criação de uma legislação que impeça a especulação sobre a propriedade da terra.

Atualmente, observa-se a tendência a penetração do capital agro-industrial no campo, tanto nos setores voltados ao mercado externo quanto ao mercado interno. Assim, a produção agrícola tradicional tende a se especializar, não para concorrer com o mais forte, mas para produzir a matéria prima utilizada pela agroindústria. Dependendo da ação do estado como agente regulador, essa penetração pode levar a democratização econômica ou à deterioração das condições de vida da população local, seja ela rural ou urbana.

Foi-se o tempo em que a economia rural comandava as atividades urbanas. Atualmente, o que se verifica, em escala planetária, é a subordinação do campo à cidade, uma dependência cada vez maior das atividades agrícolas às máquinas, insumos, agrotóxicos, tecnologia, fatores concebidos e produzidos nas cidades industriais.

Vamos agora estudar os diversos sistemas que compõem o mosaico internacional de produção agrícola.

Os sistemas agrícolas

Os sistemas agrícolas e a produção pecuária podem ser classificados como intensivos ou extensivos. Essa noção esta ligada ao grau de capitalização e ao índice de produtividade, independentemente da área cultivada ou de criação. As propriedades que, através da utilização de modernas técnicas de preparo do solo, cultivo e colheita, apresentam elevados índices de produtividade e conseguem explorar a terra por um longo período de tempo, praticam agricultura intensiva. Já as propriedades que se utilizam da agricultura tradicional - aplicação de técnicas rudimentares, apresentam baixo índice de exploração da terra e obtendo, assim, baixos índices de produtividade - praticam agricultura extensiva.

Na pecuária, por exemplo, o rendimento é avaliado pelo número de cabeças por hectare. Quanto maior a densidade de cabeças, independentemente de o gado estar solto ou confinado, maior é a necessidade de ração, de pastos cultivados e de assistência veterinária. Com tudo isso, a um aumento da produtividade e do rendimento, que são características da pecuária intensiva. Quando o gado se alimenta apenas em pastos naturais, a pecuária é considerada extensiva, e geralmente apresenta baixa produtividade.

Agricultura itinerante de subsistência e a roça.

São sistemas agrícolas largamente aplicados em regiões onde a agricultura é descapitalizada. A produção é obtida em pequenas e médias propriedades ou parcelas de grandes latifúndios, com utilização de mão de obra familiar e técnicas tradicionais e rudimentares. Por falta de assistência técnica e de recursos, não há preocupação com a conservação do solo, as sementes utilizadas são de qualidade inferior, não se investe em fertilizantes e, portanto, a rentabilidade, a produção e a produtividade são baixas. Após alguns anos de cultivo, há uma diminuição da fertilidade natural do solo, geralmente exposto à erosão. Ao perceber que o rendimento da terra esta diminuindo, a família desmata uma área próxima e pratica a queimada para acelerar o plantio, dando inicio a degradação acelerada de uma nova área, que também será brevemente abandonada. Daí o nome de agricultura itinerante.

Em regiões miseráveis do planeta, a agricultura de subsistência - itinerante e roça - está voltada as necessidades imediatas de consumo alimentar dos próprios agricultores. A produção destina-se a subsistência da família do agricultor, que se alimenta praticamente daquilo que planta. Tal realidade ainda existe em boa parte dos países africanos, em regiões do sul e sudeste asiático e na América Latina, mas o que prevalece hoje é uma agricultura de subsistência voltada ao comércio urbano.

O agricultor e sua família cultivam algum produto que será vendido na cidade mais próxima, mas o dinheiro que recebem é suficiente apenas para garantir a subsistência deles. Não há excedente de capital que lhes permita buscar uma melhoria nas técnicas de cultivo e aumento de produtividade.

Esse tipo de agricultura é comum em áreas distantes dos grandes centros urbanos onde a terra é mais barata, em função das grandes dificuldades de comercialização da produção. Nesse sistema, predominam as pequenas propriedades, cultivadas em parceria. A também os posseiros, agricultores que simplesmente ocupam terras devolutas.

Agricultura de jardinagem

Essa expressão se originou no sul e sudeste da Ásia, onde há uma enorme produção de arroz em planícies inundáveis, com utilização intensiva de mão de obra.

Tal como a agricultura de subsistência, esse sistema é praticado em pequenas e médias propriedades cultivadas pelo dono da terra e sua família ou em parcelas de grandes propriedades. A diferença é que nelas se obtêm alta produtividade, através do selecionamento de sementes, da utilização de fertilizantes, da aplicação de avanços biotecnológicos e de técnicas de preservação do solo que permitem a fixação da família na propriedade por tempo indeterminado. Não há a necessidade de ela se deslocar para outra área. Em países como as Filipinas, Tailândia, Indonésia, etc., devido a elevada densidade demográfica, as famílias contam com áreas muitas vezes inferiores a 1 hectare e as condições de vida são bastante precárias. Em países que realizam reforma agrária - Japão e Taiwan - e ao redor dos grandes centros urbanos de áreas tropicais, após a comercialização da produção e a realização de investimentos para a nova safra, a um excedente de capital que permite melhorar, a cada ano, as condições de trabalho e a qualidade de vida da família. Na China, desde que foram extintas as comunas populares, após a morte de Mao-tsé-tung, em 1976, houve significativo aumento da produtividade. A produção é predominantemente obtida em propriedades muito pequenas e em condições de trabalho muito precárias. Devido ao excedente populacional, a modernização da produção agrícola foi substituída pela utilização de enormes contingentes de mão de obra. No entanto, em algumas províncias litorâneas, esta havendo um processo de modernização, impulsionado pela expansão de propriedades particulares e da capitalização proporcionada pela abertura econômica a partir de 1978. Sua produção é essencialmente voltada para abastecer o mercado interno.

As empresas agrícolas

São as responsáveis pelo desenvolvimento do sistema agrícola dos países desenvolvidos, com destaque para os EUA e a União Européia. Nesse sistema, a produção é obtida em médias e grandes propriedades altamente capitalizadas, onde se atingiu o máximo de desenvolvimento tecnológico. A produtividade é muito alta em decorrência do selecionamento de sementes, uso intensivo de fertilizantes, elevado grau de mecanização no preparo do solo, no plantio e na colheita, utilização de silos de armazenagem, sistemático acompanhamento de todas as etapas da produção e comercialização por técnicos, engenheiros e administradores. Funciona como uma empresa e sua produção é voltada ao abastecimento tanto do mercado interno quanto do externo. Nas regiões onde se implantou esse sistema agrícola, verifica-se uma tendência a concentração de terras, na medida em que os produtores que não conseguem acompanhar a elevação dos níveis de produtividade perdem condições de concorrer no mercado e acabam por vender suas propriedades. É o sistema agrícola predominante nos EUA, Canadá, Austrália, União Européia (com exceção da região mediterrânea) e porções da Argentina e do Brasil (regiões onde se cultivam soja e laranja, por exemplo).

Nos EUA, as grandes propriedades se organizaram em cinturões, em função das características do clima e do solo. O alto nível de capitalização exigiu uma especialização produtiva em grandes propriedades.

A Plantation

É a grande propriedade monocultora, com produção de gêneros tropicais, voltada para exportação. Forma de exploração típica dos países subdesenvolvidos, a Plantation foi um sistema agrícola amplamente utilizado durante a colonização européia na América. Nesse período de expansão do capitalismo mercantilista, utilizava-se em larga escala, a mão de obra escrava. Expandiu-se posteriormente para África e Sul e Sudeste asiático.

Na atualidade, esse sistema persiste em várias regiões do mundo subdesenvolvido, utilizando, além de mão de obra assalariada, trabalho semi-escravo ou escravo, que não envolve pagamento de salário. Trabalha-se em troca de moradia e alimentação. No Brasil, encontramos Plantation em vastas porções do território, com destaque para as áreas onde se cultivam café e cana de açúcar, dois dos nossos principais produtos agrícolas de exportação.

Ao lado das Plantations sempre se instalam pequenas e médias propriedades policultoras, cuja produção alimentar abastece os centros urbanos próximos.

Cinturão verde e bacia leiteira

Ao redor dos grandes centros urbanos, onde a terra é valorizada, pratica-se agricultura e pecuária intensivas para atender às necessidades de consumo da população local. Nessas áreas, produzem-se hortifrutigranjeiros e cria-se gado para a produção de leite e laticínios em pequenas e médias propriedades, com predomínio da utilização de mão de obra familiar. Após a comercialização da produção, o excedente obtido é aplicado na modernização das técnicas.

Energia Nuiclear 1º anos

Energia Nuclear – Vantagens e Desvantagens

Fevereiro 1, 2008

fonte energiaeambiente.worldpress.com

Como todos sabemos, a energia nuclear é uma das alternativas energéticas mais debatidas no mundo: comenta-se, entre outros tópicos, se valerá a pena implementar centrais de produção nuclear ou se devemos apostar noutro tipo de energias que sejam renováveis, pois como sabemos a energia nuclear não é renovável, uma vez que a sua matéria-prima são elementos químicos, como ourânio, extraídos de minerais (no caso do urânio, um dos minerais utilizados é a autonite).

Apresentamos aqui algumas vantagens e desvantagens:

;) Vantagens:
- não contribui para o efeito de estufa (principal);
- não polui o ar com gases de enxofre, nitrogénio, particulados, etc.;
- não utiliza grandes áreas de terreno: a central requer pequenos espaços para sua instalação;
- não depende da sazonalidade climática (nem das chuvas, nem dos ventos);
- pouco ou quase nenhum impacto sobre a biosfera;
- grande disponibilidade de combustível;
- é a fonte mais concentrada de geração de energia
- a quantidade de resíduos radioactivos gerados é extremamente pequena e compacta;
- a tecnologia do processo é bastante conhecida;
- o risco de transporte do combustível é significativamente menor quando comparado ao gás e ao óleo das termoelétricas;
- não necessita de armazenamento da energia produzida em baterias;

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:( Desvantagens:
- necessidade de armazenar o resíduo nuclear em locais isolados e protegidos*;
- necessidade de isolar a central após o seu encerramento;
- é mais cara quando comparada às demais fontes de energia;
- os resíduos produzidos emitem radiactividade durante muitos anos;
- dificuldades no armazenamento dos resíduos, principalmente em questões de localização e segurança;
- pode interferir com ecossistemas;
- grande risco de acidente na central nuclear.

* esta desvantagem provavelmente durará pelo menos uns 30 anos, a partir de quando já se esperam desenvolvidas tecnolgias para reciclagem e reaproveitamento dos resíduos radioactivos.

Sobre Energia nuclear após tragédio em Fukushima:
fonte:esse tal meioambiente.com

A partir do instante em que o ser humano aprendeu as propriedades do átomo, no início da década de 40, a sociedade tem se confrontado com os perigos e benefícios desta descoberta. Uma delas, a energia nuclear, consiste no uso controlado das reações nucleares para a obtenção de energia para realizar movimento, calor e eletricidade. É usada em cerca de 440 centrais nucleares em todo o mundo e responsável por aproximadamente 17% da energia elétrica gerada no planeta. No Brasil as usinas Angra 1 e 2 produzem menos de 2% da energia gerada em todo o País. Mas o governo pretende aumentar esse percentual colocando em operação até 2015 a Angra 3 e construindo mais 4 usinas até 2030.

Pelo menos estes eram os planos antes do terremoto e tsunami que devastaram o nordeste do Japão no dia 11 de março. Outros países que também têm em seus planos aumentar a participação da energia nuclear estão revendo essa possibilidade. O governo brasileiro, aparentemente, não se abalou com a catástrofe e mantêm o cronograma. Mas a tragédia, sem dúvida, colocou a humanidade em xeque. A idéia de que temos o controle da situação foi desestabilizada pelas cenas dantescas daquele navio no meio da pista, daquela sopa de carros e casas, daquele cenário como se tivéssemos jogado água num formigueiro. Aquilo nos forçou a enxergar nossa impotência diante do poder devastador da natureza.

Agentes procuram sinais de radiação em crianças retiradas próximas a usina de Fukushima. FOTO: Reuters

O Japão optou pela energia nuclear pela falta de opção e proximidade ao mar, que é estratégico para poder resfriar os geradores, veja você que sinuca de bico. Já o nosso Brasil varonil é o lugar onde mais tem sol e vento no mundo, duas alternativas interessantes de energia. Mas também estas têm seus problemas: a construção das pás eólicas e dos geradores de energia solar é cara e geram um passivo ambiental grande.

A energia nuclear tem algumas vantagens: o combustível é barato, o resíduo é compacto e nenhum efeito estufa ou chuva ácida. As desvantagens é que é a fonte de maior custo por causa dos sistemas de emergência, de contenção e armazenamento, requer solução a longo prazo para os resíduos radioativos e tem a proliferação nuclear potencial.

Como não é possível destruir a radioatividade, a estratégia utilizada para gerenciar os rejeitos é o confinamento. O “lixo radioativo” gerado nas usinas é confinado em grande profundidade no solo, geralmente em minas de sal, até perder sua radioatividade, o que pode levar de 50 a 100 anos.

Será que o custo benefício é válido? Os riscos a vida são imensuráveis, podendo trazer consequências gravíssimas e irreversíveis a toda forma biológica no planeta.

A nossa tecnologia e conhecimento são importantes e necessários para vários avanços na melhoria da qualidade de vida. Mas ela gera também uma falsa sensação de poder, de que estamos seguros e no controle da situação.

E aí vem um acidente dessa magnitude para nos mostrar exatamente o contrário. Enquanto continuarmos com esta postura arrogante e prepotente frente às necessidades da natureza, continuaremos a pagar um alto preço.

A grande lição é reconhecermos a nossa impotência, decidindo cautelosamente os caminhos a seguir. Afinal, isso afeta também as futuras gerações. Sábios são os que aprendem com os erros dos outros e estúpidos são os que não aprendem nem com os próprios. E neste momento não há erros dos outros. Estão à mostra os erros de toda a humanidade.